VI Congresso Extraordinário do MPLA José E. dos Santos e João G. Lourenço |
Hoje é o fim de uma fase da história do Partido maioritário de Angola, é o início da fase mais "adulta" do MPLA. José Eduardo dos Santos enquanto Presidente do MPLA e da Nação enfrentou muitas coisas, acumulou vários troféus como líder e muitos derrotas. Seus últimos anos na liderança da Nação e do partido foram tão péssimos, que por vezes nós cidadãos críticos dessa má governação nos esquecemos que JES em vários momentos já foi orgulho para muitos de nós; se hoje vamos para fora do país e gritamos orgulhosamente que somos angolanos é mérito deste Presidente que está a sair pela porta menos honrosa. Claramente, cometeu erros incalculáveis que já mais sairão da História angolana porque muitos deles deixaram sequelas que levaremos ao futuro indeterminado. Mas não podemos fingir que não conhecemos a História da África e de Angola, não podemos fingir que não conhecemos o ambiente geopolítica onde ele exerceu o seu papel de político. Nosso país desde a fase embrionária foi um país que abraçou o comunismo, tivemos como aliados vários países ditatoriais, como esperar um comportamento diferente do discípulo dos russos? O problema angolano não foi a figura de Dos Santos em si só, o problema foram e são: a cultura do medo; a cultura da bajulação; a cultura do servilismo; a herança comportamental colonial da PIDE (espiar e indicar ao chefe quem pensa diferente); o egoísmo e materialismo; a política sem moral; a ignorância da consciência política que rege a nossa sociedade. Um exemplo recorrente: durante esses anos todos o povo pensou que a guerra é apenas responsabilidade da UNITA liderado por Jonas Savimbi, e que a paz é um ganho do MPLA liderado por JES. Com isso, depois da morte do líder da UNITA em Fevereiro de 2002, que culminou com a paz Nacional (4 de Abril no mesmo ano). Deu-se início de uma nova era na História de Angola onde JES passou a ser visto como o único que merece respeito, passou a ser idolatrado por aqueles que o circulavam ou desejam obter vantagens pessoais.
A guerra em qualquer país do Mundo é um atraso eminente para a civilização, e o caso de Angola não foi diferente. Em 2002 nasceram os slogan de desenvolvimento de Angola, e os angolanos sentiram-se obrigados a reconstruir o país para eliminar os vestígios da guerra, e caminhar rumo ao desenvolvimento. Sendo Angola um país rico em recursos naturais e não só, tendo um território vasto, apropriado para abraçar qualquer tipo de inovação e desenvolvimento, entendemos que tínhamos de buscar ajuda internacional para construir o sonho de Agostinho Neto. Buscamos capital humano para ajudarem na qualificação da nossa população, buscamos financiamentos externos para responder a demanda Nacional.
Entramos para era do capitalismo selvagem sem passar por algumas fases essências para o desenvolvimento económico e social: todos começaram a querer o enriquecimento fácil, e escolheram como mestre as lições maquiavélicas "os fins justificam os meus", e dali para cá surgiu a era da bajulação. JES tornou-se não apenas Presidente do Partido e da República de Angola, como também num Deus vivo, um filho de ouro, e quem tivesse a chance de encosta-lo, era considerado da moda e intocável. Esses últimos, tornaram-se bajus, eles perderam a noção do certo e do incerto, e depredaram o país acumulando riquezas para eles. Formamos uma elite de vaidosos, corruptos e irresponsáveis para com a Nação. Essa mesma elite, com as suas práticas de irresponsabilidade fizeram com que um País que tinha e tem tudo para dar certo, entrasse em uma crise social, moral, económica e política profunda.
Uma crise que trouxe várias desgraças para os angolanos e para os estrangeiros que viam no nossso país oportunidades para investirem (desenvolverem as suas actividades) e viverem. Aqui surgiu o descontentamento da população que cresceu sonhando com as promessas de Ma Nguxi (Agostinho Neto) e com as previsões que a comunidade internacional fazia em relação ao nosso potencial enquanto país rico de recursos e próspero. Isso criou divisão interna no MPLA, a discussão da seriedade do Partido no poder, acompanhada com a distribuição da figura de JES enquanto líder político e Presidente da Nação.
Apesar de todos esses factos negativos que são impossíveis de ignorar, acredito que se José Eduardo dos Santos tivesse companheiros políticos críticos (uma família capaz de despertar-lo) que estava circundado de pessoas erradas, e que estava entrando num caminho sem volta, Ele hoje sairia do VI Congresso Extraordinário do MPLA, não apenas com aplausos falsos e compaixão de quem realmente acreditou na sua liderança, mas sairia como um orgulho nacional, teria a gratidão e respeito de todos angolanos e da comunidade internacional.
José Eduardodos Santos (JES) |
O homem não é perfeito, acerta e comete erros, mas nunca deixa de ser homem. Criticamos as acções do Governo, na figura do Presidente, mas respeitamos e entendemos que os seres humanos estão sujeitos a cometer erros, sobretudo se é um police maker que deve representar os interesses de todos.
Por questão de coerência e de sentido de cidadania nunca me dei o direito de bajular, muito menos criticar de forma agressiva. Hoje posso dizer muito obrigada por ter dedicado a tua vida e o teu tempo sendo presidente deste Gigante de nome Angola. Muito obrigada por ter sido sucessor de Neto. Muito obrigada por levar o nome de Angola noutros confins. Muito obrigada pela paciência de aturar nós os críticos que só desejamos uma Angola igual para todos. Muito obrigada por ser Presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola. Muito obrigada por ser o JES. Não sei se estaríamos melhor ou pior sem a vossa governação, a única certeza que tenho é que o destino escolheu-te para dar continuidade na História de Angola que Agostinho Neto e todos os outros heróis nacionais incluindo os líderes dos partidos da oposição sonharam quando lutaram contra o regime colonial português.
Em nome do MatabichoEconomoPolitico e em meu nome próprio Josefa Trindade, desejamos votos de bom descanso e muita saúde, que finalmente possas desfrutar da existência para dedicar-se a questões meramente humanas.
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