sábado, 8 de setembro de 2018

Angola: José Eduardo Dos Santos deixa a liderança do MPLA

MatabichoEconomoPolitico
VI Congresso Extraordinário do MPLA
José E. dos Santos e João G. Lourenço

Hoje é  o fim de uma fase da história  do Partido maioritário de Angola,  é  o início da fase mais  "adulta" do MPLA.  José Eduardo dos Santos  enquanto  Presidente  do MPLA e da Nação  enfrentou muitas coisas, acumulou vários troféus como líder e muitos derrotas.  Seus últimos  anos na liderança  da Nação e do partido  foram tão péssimos, que por vezes nós cidadãos críticos dessa má  governação  nos esquecemos que JES em vários momentos  já foi orgulho para muitos de nós; se hoje vamos para fora do país e gritamos orgulhosamente que somos  angolanos é  mérito deste Presidente que está a sair pela porta menos honrosa.  Claramente, cometeu erros incalculáveis que já mais  sairão da História  angolana porque muitos deles deixaram sequelas que  levaremos ao futuro  indeterminado. Mas não podemos fingir que não conhecemos a História  da África  e de Angola, não podemos fingir que não conhecemos o ambiente geopolítica onde ele exerceu o seu papel de político. Nosso país desde a fase embrionária foi um país  que abraçou o comunismo, tivemos como aliados  vários  países ditatoriais, como esperar um comportamento diferente do discípulo dos russos? O problema angolano não foi a figura de Dos Santos  em si só, o problema  foram   e  são: a cultura do medo; a cultura da bajulação;  a cultura do servilismo;  a herança comportamental  colonial da PIDE  (espiar e indicar ao chefe quem pensa diferente); o egoísmo e materialismo; a política  sem moral;  a ignorância da consciência política  que rege  a nossa sociedade. Um exemplo recorrente: durante esses anos todos o povo pensou  que a guerra é  apenas responsabilidade da UNITA liderado por  Jonas Savimbi,  e que   a paz é  um ganho do MPLA  liderado por  JES.  Com isso,  depois da morte do líder da UNITA em Fevereiro de 2002, que culminou  com a paz  Nacional (4 de Abril no mesmo ano).  Deu-se início de uma nova era na História  de Angola onde JES  passou a ser visto como o único que merece respeito, passou a ser idolatrado por aqueles que o circulavam ou desejam obter vantagens pessoais.
A guerra em qualquer  país  do Mundo  é  um atraso eminente  para a civilização, e o caso de Angola não foi diferente.  Em 2002   nasceram os slogan de desenvolvimento de Angola, e os angolanos sentiram-se  obrigados  a reconstruir  o país  para eliminar os vestígios  da guerra, e caminhar rumo ao desenvolvimento.  Sendo Angola um país  rico em recursos naturais e não só, tendo um território  vasto, apropriado  para abraçar  qualquer  tipo de inovação e desenvolvimento, entendemos que tínhamos de buscar ajuda internacional  para construir o sonho de Agostinho  Neto.  Buscamos capital humano para ajudarem na  qualificação da  nossa população, buscamos financiamentos externos  para responder  a demanda Nacional.
Entramos para era do capitalismo selvagem sem passar por algumas fases essências para o desenvolvimento económico e social: todos começaram a  querer o enriquecimento  fácil, e escolheram como mestre as lições  maquiavélicas "os fins justificam os meus", e dali para cá  surgiu a era da bajulação.  JES tornou-se  não apenas Presidente do Partido e da República de Angola,  como também  num Deus  vivo, um filho  de ouro,  e quem tivesse a chance de encosta-lo, era considerado  da moda e intocável. Esses últimos,   tornaram-se   bajus, eles perderam a noção do certo e  do incerto, e depredaram o país  acumulando riquezas para eles. Formamos uma elite de vaidosos,  corruptos  e irresponsáveis para com a Nação.  Essa mesma elite, com as suas práticas de irresponsabilidade  fizeram com que  um País que tinha  e tem  tudo para dar certo, entrasse  em uma crise social, moral,  económica  e política profunda. 
MatabichoEconomoPolitico

Uma crise que trouxe  várias  desgraças para os angolanos e para os estrangeiros  que viam no nossso país  oportunidades  para investirem (desenvolverem as suas actividades) e viverem.  Aqui surgiu o descontentamento  da população  que cresceu sonhando com as promessas  de Ma Nguxi (Agostinho Neto) e com as previsões  que a comunidade  internacional  fazia em relação  ao nosso potencial enquanto  país rico de recursos e próspero. Isso criou divisão interna no MPLA, a discussão da seriedade do Partido no poder, acompanhada com a distribuição  da figura de JES enquanto  líder político e Presidente da Nação.
Apesar de todos esses factos negativos  que são impossíveis  de ignorar, acredito que se José  Eduardo  dos  Santos  tivesse companheiros políticos  críticos (uma família capaz de despertar-lo) que estava circundado de pessoas erradas, e que estava entrando num caminho sem volta, Ele hoje sairia  do VI Congresso  Extraordinário  do MPLA, não apenas com aplausos  falsos e compaixão  de quem realmente  acreditou na sua liderança, mas sairia como um orgulho nacional, teria  a gratidão  e respeito  de todos angolanos e da comunidade  internacional.

MatabichoEconomoPolitico
José Eduardodos Santos (JES)

O homem não é  perfeito, acerta e comete erros,  mas nunca  deixa de ser homem. Criticamos as acções do Governo, na figura do Presidente, mas respeitamos e entendemos que os  seres  humanos estão sujeitos a cometer erros, sobretudo se é um police maker que deve representar os interesses de todos. 
Por questão  de coerência e de sentido  de  cidadania nunca me dei o direito  de bajular, muito menos criticar de forma agressiva. Hoje  posso dizer muito  obrigada  por ter dedicado a tua vida  e o teu tempo sendo presidente deste Gigante de nome Angola. Muito obrigada  por ter sido sucessor de Neto. Muito obrigada  por levar o nome de Angola  noutros confins.  Muito obrigada  pela paciência de aturar nós os críticos que só  desejamos  uma Angola  igual para todos. Muito obrigada  por ser Presidente  do Movimento  Popular  de Libertação  de Angola.  Muito obrigada  por ser o JES. Não sei se estaríamos melhor ou pior sem a vossa governação, a única certeza que tenho é que o destino escolheu-te para dar continuidade  na História  de Angola que Agostinho Neto  e todos os outros heróis  nacionais incluindo os líderes dos partidos da oposição  sonharam quando lutaram contra o regime  colonial português.
Em nome do MatabichoEconomoPolitico e em meu nome  próprio Josefa  Trindade, desejamos  votos de bom descanso e muita saúde, que finalmente  possas desfrutar da  existência  para dedicar-se a questões meramente humanas.





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